Páginas de papel magnético...

3 de julho de 2012

Todo esplendor tem um lado obscuro - parte 11

Ela apertou minha mão, o medo  é evidente em seu rosto pálido meio arredondado e com sardas discretas. Lembro-me da vez em que fiz isso com Charllote (apertei sua mão), eu acabei de castigo, pois Louis não estava por perto pra intimida-la.
-Antonieta diga-me. Qual seu maior sonho? -. Tentei desviar sua atenção com uma pergunta banal, mas nada em seus nervos se distraíram com a minha pergunta, na verdade acho que apenas fiz com que ela apertasse mais a minha mão; que já está começando a ficar avermelhada.
-Todos os meus sonhos se perderam no tempo. E quais são os seus senhorita Farell? -. Sonhos? Indaguei a mim mesma, com uma pontada de surpresa. A muito tempo eu os tive, sonhos mágicos e românticos de amores eternos, com príncipes e castelos, a magia dos contos de fadas, tudo neles me alegravam, até mesmo as coisas maléficas, pois no final todas elas desapareciam e sempre tinham os finais felizes, sempre. Mas eu ainda tenho alguns sonhos aos quais eu consegui esconder, mas que me parecem impossíveis de se realizar. Mesmo para alguém tão rica como eu. Mas eu posso compartilhá-lo com Antonieta, pois não acho que isso me fará mal algum.
-Eu sonho em ser uma grande pianista para poder tocar naquelas grandiosas óperas! -. Antonieta depois de alguns segundo ainda segurando minha mão, sorriu mais aliviada e soltou minha mão, desviando o olhar pra fora do jatinho particular em que estamos; com certeza deve ter conseguido acalmar seu íntimo.
Não havia notado, mas Louis está sentado no banco atrás do nosso, enquanto Charllote está no último da fileira  do outro lado. Ele sorriu fingindo estar distraído com seu laptop, quando eu o observei pela lateral de minha poltrona.
Não tenho tanta certeza, mas acho que meu destino será trágico, cheio de desafios dos quais eu não sei se serei capaz de suportar ou superar, mas se eu cair permanecerei no chão, apenas pra não ver quem me derrubou.

-Meu deus! Como estou cansada, parece que ficamos voando por três dias, espero que não tenhamos nenhum encontro importante está noite, não irei nem arrastada! -. Charllote riu exageradamente, mostrando os dentes brancos e perfeitos,  com seu jeito de mulher elegante ao dizer que não irá nem arrastada. E ela nem parece exausta. Foram apenas quatro horas de voo e uma hora até chegar a nossa mansão de praia. Como Charllote adora dizer ''nada melhor do que nos afastar da riqueza poluída e urbanizada, e passar alguns dias na riqueza verde e límpida!''.
-Louis, querido, mamãe virá pra cá amanhã à noite e como você mesmo sabe ela não dorme sozinha, então cabe a mim dormir com ela, você terá que dormir no quarto de hóspedes da ala leste, os outros quartos eu estou mandando reformar, pois ao final do mês trarei alguns amigos pra cá e darei uma fantástica festa. Eles nunca irão se esquecer dessa magnífica festa! -. Louis me pareceu querer abrir um de seus especiais sorrisos de alegria, mas não o fez, apenas assentiu com a cabeça fingindo estar sério e depois me olhou de soslaio, com seus penetrantes olhos azuis.
Victoria Momtriz D'tryll. Amada e idolatrada por sua única filha. Charllote nunca a desobedeceu, pelo o que eu sei e também nunca a questionou, apenas seguiu suas regras e seus modos familiares de décadas atrás. Vovó Victoria, ela odeia ser chamada de vovó, ela diz que isso é pra quem tem netos e ela não me considera sua neta. Até por quê, uma distinta senhora de 51 anos, sem rugas, de corpo esbelto e roupas finas e de grifes, não precisa de uma neta que a chame de vovó sempre que a vê.

-E então Antonieta gostou do seu quarto? Se quiser podemos trocar-. Sugeri sutilmente, enquanto ela se maravilha com o quarto de móveis ingleses, grandes janelas transparentes, cortinas de seda branca e uma belíssima cama toda em mármore escuro do século 19, como mamãe havia me dito certa vez em quando estivemos aqui.
-É maravilhoso senhorita Marc, nunca consegui me imaginar dormindo em um quarto como este, é simplesmente magnífico! -. Antonieta sentou na cama e contemplou todo o esplendor a sua volta. Parece uma criança num parque de diversões. Sorri animada por tê-la como protegida e fiel amiga, mas isso eu ainda terei que comprovar.
-Antonieta se quiser comer alguma coisa é só ligar para a cozinha com o telefone ao lado da sua cama e fique a vontade minha mãe não irá lhe xingar. Bem, agora tenho que ir, vou descansar um pouco-. Ela segurou minhas mãos entre as suas e me agradeceu por tudo o que eu estou fazendo por ela, apenas assenti muito feliz por ela se sentir bem em meu mundo, depois sai calmamente de seu novo quarto.

Suspirei vagamente ao passar diante do quarto onde ele vai ficar, agora não irei ter tempo pra mais nada, até por que ''vendi'' meu corpo para um homem apaixonado e agora sou totalmente dele, mas ao menos ganhei o que eu queria.
-Marc! -. Voltei o olhar e o corpo pra ele, mais em sinal de respeito, do que qualquer outra coisa.
-Sim, papai? -. Só espero que não estejamos sozinhos nesta ala da mansão ou isso não acabará bem.
-Preciso conversar com você- Conversar? Mas o que temos pra conversar? E eu ainda pergunto! -Venha-. Ele apontou para seu quarto, cuja porta está bem aberta, voltei-me e entrei apenas por causa da promessa. Ele fechou a porta e a trancou, fiquei tensa de imediato, tenho que confessar que fui um pouquinho ingênua ao achar que ele queria apenas conversar. Mas no fundo eu sei o que ele quer.
-Parece que você se esqueceu do que eu te pedi, não é mesmo? -. Daria de tudo pra Charllote não estar em sua banheira cheia de pétalas de rosas da China e aromas exóticos da Índia pensando em como será sua ''inesquecível festa''.
-Por causa do cansaço devo ter me esquecido, o que era mesmo? -. Ele sorriu com ironia, pois sabe muito bem que eu estou mentindo, mas também sabe muito bem que eu não o quero, ao menos não neste momento.
-Trinta beijos onde eu quiser sempre que você me chamar de papai enquanto estivermos sozinhos-. Fixei o olhar no seu e não desviei. Ele começou a se aproximar de mim, seu olhar está cheio de paixão e sensualidade.
Suas mãos grandes e quentes apertaram carinhosamente minha fina cintura, me fazendo prender a respiração de expectativa; seu lábio deslizou pelo meu pescoço, deixando beijos quentes em minha pele sensível e arrepiada.
Arrepios me percorrem por todo meu corpo, me fazendo corar ainda mais de vergonha, pois agora sabendo o que, se eu deixar, pode acontecer me deixa um tanto aflita e ansiosa pelo desfecho.
Louis me deixou assustada ao pegar-me no colo e me deitar em sua cama, mas logo meu susto passou quando ele me olhou com tanta voracidade e excitação, talvez por minha beleza quase angelical e quase inocente de adolescente. Mas vamos combinar que minha idade é a última coisa na qual Louis está pensando neste momento. Aliás, eu prefiro que ele nem pense nisso, ou poderá ficar com a consciência pesada e eu não quero que isso aconteça.
-Querida Marc eu não aguento mais, eu quero... -. ''Que pena que não eu posso fugir, mas agora vendo-o tão excitado, eu talvez não queira mais fugir''.
-Tudo bem, Louis, você pode fazer o que quiser comigo, desde que não me machuque-. Minha voz saiu rouca, vacilante e ao mesmo tempo sedutora, fazendo-o sorrir maliciosamente e convicto de que, de alguma forma eu também o quero. Sorri com o canto do lábio como uma verdadeira Lolita excitada faria, ele não se conteve nem mais um segundo e me beijou apaixonadamente, como se quisesse me tirar o ar e foi o que ele conseguiu, mas eu me afastei para respirar. Não quero desmaiar com seu beijo tão sôfrego e insaciável, ao menos é isso o que ele me parece ser.
É fascinante como tudo nele almeja meu corpo, tudo nele se enrijece e se arrepia ao simples toque das minhas pequenas mãos quase inexperientes, ao contrário das suas mãos, que são rápidas e parecem saber exatamente como me despir, e o toque quente delas estão me excitando ardentemente. Jamais havia notado que Louis tem um corpo musculoso, muito bem definido e belamente jovial para sua idade, mas também eu jamais o vi sem roupas, não é mesmo? Quem me dera ter visto antes.
Como nunca havia visto um homem despido, acabei ruborizando de vergonha por estar totalmente excitada de curiosidade de continuar olhando, até tentei não olhar fixamente para o pênis de Louis, mas é hipnotizador, grande e parece ser duro, mas ao mesmo tempo macio. Acabei matando minha curiosidade ao tocar-lhe o membro duro e como eu havia imaginado macio. Louis segurou minha mão sobre seu pênis e começou a descer e a subir. Ele equilibrou-se na cama sem colocar o corpo sobre o meu, com  o braço esquerdo reto, encostado na cama, ao lado do meu ombro direito. Ele abriu a boca para respirar melhor, sua respiração acelerada e ofegante perto do meu rosto me deu a certeza de que ele está muito excitado, assim como eu.
-AHHH! Marc isso é tão MA-RA-VI-LHO-SO... Você é maravilhosa e somente minha!!! -. Louis tirou a mão de cima da minha e eu soltei seu pênis, para o tão esperado momento. Ele então me penetrou devagarzinho a princípio, (mesmo estando tão excitado) mas então acabou intensificando o movimento de entra e sai. Deixando-me em um misto de emoção e medo, pois agora eu sou de corpo e alma dele, não que isso seja ruim, mas é muito arriscado.
Mordi o dedo indicador na tentativa de não gemer, mas é impossível, até meus olhos parecem se revirar dentro das minhas órbitas de tanta excitação que eu estou sentido. É como se eu estivesse em chamas, mas nem mesmo a água pode apagar esse fogo tão intenso e eloquente que estou sentido.
Louis tirou meu dedo da minha boca e me beijou intensamente para que eu não grite alto demais, pois acho que ele sentiu que eu estou prestes a ter meu primeiro orgasmo e acho que ele também está prestes a ejacular em mim.
Quando isso aconteceu foi surpreendentemente esplêndido (ao menos para mim). Nossas respirações irregulares e ofegantes cessaram depois de alguns minutos de descanso e nossos olhares se fixaram intensamente, como se quisessem se afogar um no outro. Louis deu um largo sorriso de satisfação e alegria e se retirou de cima, mas continuou ao meu lado, se apoiando no cotovelo direito e segurando a cabeça, como uma criança admirando um objeto que pra si é realmente magnífico e sem igual. Mesmo eu não querendo admitir (o que eu raramente costumo fazer), não posso negar que, o que nos aconteceu foi muito especial e totalmente esplêndido.
-Posso ir pro meu quarto, Louis? -. Seu sorriso desapareceu tão rápido quanto apareceu. O desapontamento em seu olhar me fez engolir em seco e desviar o olhar do seu por alguns poucos segundos, mas então eu o fitei novamente, para ver se sua expressão mudara, mas não. Na verdade parece que ele está mais surpreso do que desapontado, o que de certa forma é bem melhor.
-Por que já quer fugir de mim? Não lhe machuquei, ou machuquei? -. Olhei para o teto amarelo e suspirei envergonhada comigo mesma, mas ao mesmo tempo muito feliz, de uma forma tão esquisita, que me sinto um pouco fora de mim.
-Não você não me machucou. É, que se quiser que isso aconteça de novo, irá deixar eu ir e mesmo que não deixe eu irei-. Levantei antes que ele pudesse pensar em me segurar.
Meu corpo nu mais se parece com uma luz neste quarto escuro, banhado apenas pelas luzes dos jardins laterais da mansão, que entram pelas frestas das cortinas meio  fechadas das janelas . Peguei minha roupa que estava sobre uma cadeira rústica de mogno e me vesti o mais rápido que pude e tentei não deixar transparecer meu nervosismo e meu meio sorriso satisfeito.
O olhei mais uma vez, ele não tentou me conter apenas ficou me olhando como um animalzinho abandonado pela dona; essa sua expressão me deixou meio surpresa e ao mesmo tempo contente, mas eu não me demorei olhando-o e sai.

Assim que coloquei os pés pra fora do quarto dele me pus a correr para o meu, sem deixar que minhas botas rasteiras façam barulho e chamem atenção. Como eu pude me entregar tão facilmente, tão futilmente? O pior é que de certa forma eu queria que aquilo acontecesse. Não, eu realmente queria que aquilo acontecesse, mas então por que eu me sinto tão mal por dentro?
Tranquei a porta do meu quarto assim que entrei e me deixei escorregar no chão de madeira. Fiquei encolhida no chão, com as mãos entorno da cabeça, chorando como uma criança perdida no meio da escuridão do meu próprio quarto. Deixei pela primeira vez em anos que minhas lágrimas escorram livremente pela minha face, mas eu ainda sim não consigo compreender o por que deu estar me sentindo tão mal, tão angustiada e vazia.