Páginas de papel magnético...

1 de janeiro de 2013

Novo presente! - parte 12

Estamos andando, tranquilas por entre as flores e os capins altos, que mais parecem cevada ainda verde. O mar está logo a nossa frente, a brisa está fresca e agradável, fazendo nossos cabelos esvoaçarem por estarem soltos.
Os olhos de Antonieta parecem brilhar com tanta beleza a sua volta e isso a deixa tão bonita, na verdade ela já era, mas com a minha ajuda e de alguns especialistas de beleza ela está ainda mais linda.
-A senhorita está bem? -. Olhei-a com um falso sorriso nos lábios, seus indagadores olhos verdes são tão cercados por espessos cílios pintados de rímel preto, que mais parecem olhos de boneca.
-Estou um pouco cansada. Não consegui dormir, pois fiquei pensando no que aconteceu- Antonieta já sabia o que era, pois quando foi ao meu quarto, me viu chorar como uma criança perdida na escuridão e me consolou -É melhor deixarmos os pensamentos na areia e irmos nadar, o que acha? -. Ela me sorriu alegre e assentiu que sim timidamente.
Corremos em direção ao mar, tirando e jogando no chão nossos vestidos de praia, ficando apenas de biquínis. O meu preto e o dela roxo escuro, de modelos simples.
Antonieta caiu e quase se afogou, mas eu a salvei a tempo de um desastre maior, depois desse engraçado acontecimento simplesmente não nos aguentamos de rir.
-Quer tentar de novo? -. Rimos novamente da última cena engraçada, deitadas na areia morna e clara, com a água salgada batendo em nossos pés, nos dando um prazer reconfortante.
Eu confesso que nunca pensei que viveria um momento assim. Alegre e normal, longe do mundo dos meus pais, ao lado de alguém como Antonieta.
-A vida seria perfeita se fossemos todos iguais, se vivessemos em paz e fossemos todos amigos e irmãos. O que você acha Antonieta? -. Ela em toda sua hesitação e timidez, passou a mão esquerda em meu rosto e me deixou arrepiada e com as bochechas quentes e sem dúvida vermelhas, assim como as dela.
-Talvez se todos pensassem uns nos outros, como você fez comigo, ai sim a vida seria perfeita-. Sorri feliz e ao mesmo em dúvida, pois senti que ela falou de algo a mais que eu não faço ideia do que seja. Parei de encara-la e tirei uma mecha de cabelo dos olhos; uma brisa mais fria passou nas minhas costas me fazendo estremecer de frio. Olhei o horizonte e nem notei que o sol já está se pondo.
-Que frio! Que tal voltarmos pra mansão e nos divertirmos lá? -. Mal acabei de falar e ela se levantou, me estendeu a mão. Eu a segurei delicadamente e ela me puxou; ela sorri amigavelmente pra mim e me encara furtivamente os olhos, até que disse:
-Irei a onde a senhorita quiser ir-. Sorrimos uma pra outra e fomos embora por onde haviamos chegado, de mãos dadas com o pôr do sol a nossas costas.


Fui avisada por um dos empregados que meu pai me aguardava em seu escritório. Eu já deveria estar esperando por isso, mas não vou perder meu pouquinho de tempo livre pensando somente nele, não mesmo.
Entrei na sala grande, chamada por Louis de escritório, tem um estilo antigo e é decorada ao gosto dos homens, e mesmo assim é aconchegante, ao menos para mim é aconchegante.
-Louis?... Como pode me chamar aqui e nem estar presente... -. A porta foi fechada e eu pude ouvi-la ser trancada. Meu coração quase saltou pela boca, por sorte isso não é possível. Ele veio por trás de mim e afagou os lábios no meu pescoço. Beijando-o, me deixando arrepiada e excitada. Quero dizer para ele parar com isso, mas ele parou antes deu dizer qualquer coisa e me virou de frente pra ele e disse:
-Onde você estava? Quase mandei que a procurassem-. Seu olhar preocupado e ao mesmo tempo aliviado sobre mim, me dá a certeza de que ele esteve o dia inteiro pensando em mim. O que é muito gratificante. Que mulher não gostaria de estar nos pensamento de um homem o dia inteiro?
-Eu estava com Antonieta na praia- Seus olhos ficaram mais tranquilos e mais desejosos; estão me dizendo o que ele quer e seu corpo está começando a demonstrar -Onde está Charllote? -. Ele pareceu acordar de seus devaneios, a menção do nome de sua esposa e me olhou mais sério para responder-me.
-Ela foi buscar sua vó e disse que elas ficariam na cidade fazendo o que bem entendessem-. Isso é bem típico de Charllote e Victoria, mas não me interesso por isso.
Suas mãos já estão se apoderando do meu ''frágil'' corpo e me acariciando sedutoramente, me deixando mais quente e excitada do que eu gostaria de estar. Ou talvez eu gostaria? Eu não sei.
 Louis me ergueu do chão com muita facilidade e me carregou para o sofá macio e confortável de couro escuro, para depois tirar-me o vestido verde-claro de botões, que eu havia colocado depois do apressado banho que havia tomado. Quando ele se posicionou em cima de mim ainda vestido com uma calça preta social e uma blusa branca também social com alguns botões abertos no peito e dobrada no cotovelo, algo dentro de mim se apavorou.
-Louis... Pare! - Coloquei as mãos sobre seu tórax, como se para afastá-lo. Elas estão tremendo, não sei por que, mas eu estou tomada de um pavor e tenho certeza que meu seblante transmite o mesmo, pois o olhar dele está preocupado -Perdoe-me, Louis, mas não posso fazer isso-. Não agora!
-O que aconteceu, querida Marc? Por está assustada? - A voz preocupada de Louis me deixou angustiada. Tentei me levantar, mas ele segurou-me ainda deitada no sofá, me dando uma sensação de fraqueza e...  -Se não falar comigo, não irei soltá-la -. Sua voz está calma, mas ainda tem um traço de preocupação que está me deixando ansiosa para sair debaixo dele. Olhei-o nos olhos, não quero falar com ele, só quero sair daqui e me aconchegar ao lado de Antonieta que está no quarto experimentando as roupas novas que compramos juntas  na cidade.
-Estou cansada e com fome, não vou fazer o que você quiser na hora que quiser e não serei sua escrava! -. Ele olha-me surpreso, espantado e intrigado, posso dizer. Ele saiu de cima de mim me liberando de seu contado, mesmo ainda estando um pouco nervosa, ansiosa e assustada tratei logo de pegar o vestido da cabeceira do sofá e de vesti-lo. Seus expressivos olhos azuis me seguem furtivamente, o que está me deixando envergonhada, mas ao mesmo tempo estranhamente feliz.
-Você gosta de mim Marc, ao menos como um pai? -. Olhei-o de soslaio ainda receosa do que ainda pode acontecer.
Mesmo ele me amando de uma forma diferente e fazendo coisas diferentes comigo, ainda é o homem que me acolheu dentro de sua vida e dentro de seu mundo e nisso eu sempre lhe serei grata.
-Sim. Eu lhe amo como um pai e sempre amarei-. Ele se levantou do sofá e se aproximou, não me afastei, apenas pelo fato deu estar de pé e de não querer ofende-lo.
-Poderia amar-me como um homem, Marc? -. Ele tocou meu ombro desnudo, por causa do decote canoa do vestido, o simples contado me deixou arrepiada e sem ar. Como ele pode me pedir uma coisa dessas, com uma mulher tão linda já lhe amando? Eu não consigo entender isso, mesmo que Charllote tenha vários defeitos, ela ainda sim o ama e muito.
-Eu... Eu... Papai eu... Eu... -. Não deveria nem ter tentado responder.
-Minha querida e pequena Marc Farell, minha adorável menininha eu te amo mais que qualquer coisa nesse mundo! Posso receber um abraço? -. Assenti que sim hesitante e ao mesmo tempo louca de vontade de abraça-lo. Ele abriu os braços e eu me aninhei neles e deixei ele me apertar contra seu peito.
É tão bom como na minha infância, uma das minhas poucas lembranças que eu tenho de alegria, foram a noite, aninhada nos braços deste homem, que eu chamo de ''pai'' e que me ama como uma mulher.
-Eu também te amo papai, mas... Mas acho que não é certo eu amá-lo mais que um pai-. Ele me afastou um pouco, olhou-me nos olhos e sorriu carinhosamente pra mim, como um verdadeiro pai faria.
-Que bom que é sincera comigo, Marc, pois as vezes acho que todos que estão ao meu redor mentem, dizem coisas só para não perderem seus empregos, para não perderem minha confiança e sua mãe também faz isso comigo, ela mente. Eu detesto que mintam pra mim, promete nunca mentir pra mim, Marc Farell? -. Respirei calmamente e respondi da melhor forma falsa possível.
-Prometo. Agora posso ir? -. Ele suspirou resignado, mas me soltou. Quando mal andei dois passos, ele segurou meu punho me fazendo virar em sua direção, seus olhos azuis me deixaram tão sem graça que me pus a olhar os botões abertos da sua camisa branca.
-Tenho um presente pra você- Louis soltou meu pulso e se direcionou a mesa de mogno do outro lado do escritório. Pegou uma caixa preta com detalhes azuis e voltou até mim -Espero que seja de seu gosto! -. Peguei-a de suas mãos. Não é pesada, portanto a coloquei em cima da mesinha que fica enfrente do sofá e abri.
Um vestido de alças finas de cor bege; tecido leve e suave, talvez seja seda pura; curto, no meio das coxas talvez, mas isso já era de se esperar.
-Obrigado, papai, adorei, é lindo! - Guardei-o na caixa -Posso ir agora? -. Indaguei-o gentilmente e sem olhar diretamente em seus olhos, para não ter que ver o que passa neles.
-Sim. Até na hora do jantar! -. Sorri sem jeito, peguei a caixa e sai.