Páginas de papel magnético...

2 de maio de 2012

O nascer de um sentimento - parte 5

Finalmente amanheceu. Eu estava nervosa, não consegui escolher o que eu tocaria pra ele. Antonieta entrou com uma bandeja em mãos, e um sorriso discreto.
-Bom dia senhorita Farell! -. Ela colocou a bandeja em cima da mesinha de ferro branca, levantei pra olhar o que era; um delicioso pedaço de bolo e suco de abacaxi, sentei para devorar aquele delicioso café da manhã, ou suco.
-Bom dia Antonieta, o bolo está muito bom e o suco também. Minha mãe já acordou? -. Acabei de falar e ela entrou, estava arrumada pra sair.
-Espero que já tenha acabado de tomar café. Vá se arrumar, iremos fazer compras-. Sorri agradecida pra Antonieta e fui me arrumar.
Charllote comprou vestidos, jóias e sapatos; fomos ao cabeleireiro; pra mim aquilo não era divertido, mas pra ela era a melhor coisa do mundo. Voltamos pro apartamento cheias de sacolas e ainda tivemos que pedir ajuda ao motorista; Charllote mandou as camareiras arrumar as ''coisas'' e falou pra Antonieta arrumar as minhas sacolas, fui logo atrás dela, tinha apenas uma hora pra me arrumar, a sorte é que meu cabelo já estava preso em um coque, baixo e romântico. Procurei entre as dez sacolas iguais um vestido tomara-que-caia, curto de renda e seda de cor bege, muito feminino e delicado; Antonieta havia achado ele antes de mim e me entregou.
-Obrigada Antonieta! -. Corri pro banheiro pra me trocar, pois Antonieta estava arrumando minhas roupas novas no closet, sou tímida, ao contrário da mamãe que adora mostrar suas curvas.
Já arrumada, sentei na banqueta do piano e o abri, passei os dedos sobre as teclas brancas e negras, fazia seis meses que eu não tocava um; ela tinha me proibido, me tirou uma das poucas coisas que me alegrava.
-Venha querida, seu pai está chegando com Bernard-. Fechei o piano e fui pra junto dela; ela não ficou alegre com o vestido que eu estava usando, ela havia dito pra mim usar o vestido amarelo, mas não vou fazer sua vontade no dia do meu pequeno concerto. Eles entraram, contavam algum caso engraçado, pois sorriam alegres; Charllote logo tratou de colocar um sorriso no rosto, andou até Louis e lhe segurou o braço.
-Olá Charllote- Ela sorriu como um ''oi'', me aproximei um pouco mais, e deixei eles admirados -Oi senhorita Marc, você está muito bonita! -. Sorri envergonhada, pois Louis me olhava intesamente.
-Obrigado-.
-Bom, então que tal almoçarmos agora-. Louis ia falar algo mas ela o puxou pra grandiosa sala das refeições, sorte que Henry estava me contemplando. O almoço foi calmo, nada de interessante da parte de Charllote, ela se manteu mais serena; e eu me manti calada como sempre.
-Você ainda tocará pra mim, Marc? -. Já havíamos acabado de almoçar, então, sorri.
-Claro, siga-me por favor-. Ele sorriu-me; Charllote havia segurado Louis para que ele não viesse. Sentei no piano, Henry sentou no sofá; fiquei com certa vergonha, pois vi seu reflexo no piano negro, ele observa-va meu pescoço nu por causa do coque, depois descia e ficava a me fitar, detalhe por detalhe. Comecei a tocar uma de minhas composições, na verdade era a que eu mais gostava, um pouco melancólica, mas de ênfase agradável e efêmero vivaz. Foram quatro minutos de puro prazer; coloquei as mãos na banqueta onde eu estava sentada, meus dedos estavam cansados; ele sentou do meu lado e pousou a mão sobre a minha, fiquei arrepiada e tirei minha mão de seu toque, ele sorriu.
-Você toca tão perfeitamente, é encantador, você é encantadora, nunca pensei que eu conheceria uma pessoa como você, sorte a minha que pude conhecê-la! -. Ele era perfeito, me olhava com alegria, mas não me olhava como uma adolescente de corpo adulto, mas sim como uma mulher de corpo perfeito e sedutor; sorri timidamente lisonjeada.
-Obrigado, é eu também nunca pensei que conheceria... -.
-Alguém solteiro aos quarenta anos, com a aparência hostil? -. Sorri encantada.
-Sua aparência não é hostil, e eu ia dizer que ''nunca pensei que conheceria alguém que me considera-se adulta, e que fosse engraçado e charmoso-. Sorri acanhada, não sabia se deveria dizer aquilo; ele ficou me encarando gentilmente.
-Você me acha charmoso? -. Balancei a cabeça que sim e desviei o olhar alegre pro piano a nossa frente, ele me fitava carinhosamente.
-E por que você me acha charmoso? -. Voltei a olhar pra ele e disse:
-Seus olhos, me deixam encabulada e você é alegre, parece sempre estar de bem com o mundo-. Ele sorria, não sei bem explicar como, mas ele sorria e isso já bastava pra mim.
-Com sua licença, o senhor Louis está chamando você, senhor Bernard-. Ele sorriu-me e se foi; Charllote apareceu de repente, enquanto eu estava pensando no toque da mão de Henry, na minha.




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